Galeria: Os operários e a fábrica de Lumiére

Os operários e a fábrica de Lumière. FILME E CULTURA,
Embrafilme, nº46, abril 1986. 80p.
(download: https://revista.cultura.gov.br)



Leia abaixo o texto de abertura, às páginas 4 e 6, da edição temática a partir de pesquisa da Equipe Técnica de Pesquisas em Cinema:


“Publicamos nesta edição parte da pesquisa Movimentos Sociais Urbanos e o Documentário em São Paulo 1977-80, realizada entre agosto de 1980 e setembro de 1981 pela Secretaria de Cultura do Município de São Paulo através da equipe de cinema do antigo IDART, atual Divisão de Pesquisas do Centro Cultural São Paulo.

Participaram da pesquisa lnimá Ferreira Simões, Eliana de Oliveira Queiroz, Olga Futemma, Carlos Ornelles Berriel, Waltraud Weissmann e Francisco Martorano Magaldi Neto, sob a coordenação de Jean-Claude Bernardet.

A partir da visão de 23 documentários foram produzidos textos críticos, descrições de filmes e entrevistas com Renato Tapajós.João Batista de Andrade, Aloysio Raulino, Zetas Malzoni, Roberto Gervitz, Sérgio Segall, Adrian Cooper, Rogério Corrêa, Cláudio Kahns, Inês Castilho, Peter Overbeck, Arlindo Machado, Eliane Bandeira, Suzana Amaral, Wagner Carvalho, Walter Feldman,
Sérgio Tufik, Diogo Gomes dos Santos e Expedito Soares Batista.

Os filmes analisados focalizam diferentes aspectos dos movimentos populares: a memória da organização e luta dos operários (Libertários, O Sonho Não Acabou, Os Queixadas), as condições de trabalho (Acidentes de Trabalho, Trabalhadoras Metalúrgicas, Teatro Operário), a saúde (Um Dia na Vida do Dr. Fulano, Um Caso Comum, Desafio Permanente, O Pó Nosso de Cada Dia),
a habitação (Loteamentos Clandestinos, Domingo em Construção, Fim de Semana), a organização comunitária (Minha Vida, Nossa Luta) e o ressurgimento dos movimentos estudantil (O Apito da Panela de Pressão) e grevista (Braços Cruzados, Máquinas Paradas, Greve!, Trabalhadores: Presente!, Greve de Março, ABC da Greve e Linha de Montagem). A Origem da Riqueza discute ‘quem cria as riquezas’ e outros temas ligados à produção, trabalho e capital. A Luta do Povo traça um panorama das lutas populares entre 1978 e 1980, registrando, entre outros, o Movimento Contra a Carestia, o Movimento de Favela, o Movimento de Saúde, a luta dos posseiros do Vale do Ribeira e as greves do ABC.

Deste material selecionamos a descrição de Braços Cruzados, Máquinas Paradas, as transcrições de Greve! e Greve de Março, entrevistas com João Batista de Andrade, Roberto Gervitz, Sérgio Segall, Zetas Malzoni, Renato Tapajós, Aloysio Raulino, Rogério Corrêa e Adrian Cooper e algumas análises críticas.

Como apêndice à pesquisa foram incluídas uma observação de João Batista de Andrade, um depoimento de Renato Tapajós sobre o documentário Nada Será Como Antes. Nada? e breves análises de filmes realizados posteriormente relacionados com o tema.”

Galeria: artigo “Idart chama as empresas”

Idart chama as empresas.
Folha de S Paulo, 09.01.1977, Artes visuais, p.62.
editor Luiz Ernesto Machado Kawall
(texto integral)

Quinto de uma série de cinco artigos
com entrevistas e comentários.


O Departamento de Informação e Documentação Artísticas da Secretaria Municipal de Cultura – IDART – solicita, às empresas particulares do Brasil, tais como firmas, bancos, e outras, que editaram brindes de fim de ano, ilustrados com reproduções de qualquer aspecto das artes do Brasil, como artes plásticas (contemporâneas ou do passado), monumentos históricos, arte indígena, arte popular, teatro, música e outras artes, o obséquio de enviarem o número mínimo de três exemplares de suas edições ao Centro de Pesquisas de Arte Brasileira do Departamento à rua Roberto Simonsen, 136 – térreo.

Os exemplares coletados, este ano, integrarão o Arquivo Documental do Centro, sendo por este conservados e utilizados, para exposições e outras atividades.

As edições podem ser de calendários, agendas, álbuns de arte, reproduções avulsas, cartazes, outdoors, textos de revistas, ilustrados ou não, e qualquer outro tipo de documentação sobre as artes em geral, no Brasil, publicada por empresas particulares, sendo consideradas, pelo IDART, de grande importância, como registro documental de Arte Brasileira. O núcleo inicial do IDART, a Seção de Arte da Biblioteca Municipal de Mário de Andrade, criou o Prêmio Ampulheta, para calendários de arte editados no Brasil, mantendo, durante 11 anos, o concurso, com exposições dos premiados.


Resumo das pesquisas já realizadas

Nas últimas reportagens sobre o Centro de Pesquisas de Arte Brasileira do IDART – Departamento de Informações e Documentação Artísticas, da Secretaria Municipal de Cultura, publicamos informações sobre os trabalhos desenvolvidos, no primeiro semestre de 1976, por essa Entidade, nas áreas de Arquitetura e Desenho Industrial, Artes Gráficas, Artes Plásticas e Arte Popular.

Hoje divulgaremos, ainda em primeira mão, resumo das pesquisas realizadas pelas demais áreas do IDAR/CP:


ÁREA: ARTES CÊNICAS

A Área de Artes Cênicas orientou a pesquisa no sentido de documentar os espetáculos que atendem duas faixas da população: o circo e o teatro. A essas duas formas de teatro corresponde uma situação geográfica do espetáculo. O circo acontece na periferia, enquanto o teatro se localiza nos pontos mais centrais da cidade.

A coleta do material pesquisado resultou num acervo de depoimentos gravados (sessenta horas), mil fotografias, duzentos slides, cartazes, programas, críticas, listagem de pessoal, empresas e entidades referentes a essas duas manifestações. Há também um documentário em super-oito realizado pelo ator-circense Demetrius.

Supervisora: Maria Thereza Vargas; Pesquisadores: Carlos Eugênio Marcondes de Moura, Cláudia de Alencar Bittencourt, Linneu Moreira Dias e Mariangela Muraro Alves de Lima, com formação universitária da Escola de Arte Dramática da USP.

Paralelamente, num trabalho interdisciplinar a Área de Arquitetura estudou o circo, enquanto estrutura arquitetônica como informamos domingo passado.

ÁREA: COMUNICAÇÃO DE MASSA

A área de Comunicação de Massa foi subdividida em quatro sub-áreas: Jornalismo, Publicidade, Rádio e Televisão. Cada uma dessas sub-áreas desenvolveu uma pesquisa distinta, dentro do tema geral proposto – SÃO PAULO: DIREITO E AVESSO, ou SÃO PAULO, DENTRO E FORA DO SISTEMA. Estudaram-se, pois, manifestações institucionalizadas e manifestações paralelas e/ou marginalizadas, excetuando o caso de Jornalismo, que se dedicou à chamada imprensa independente ou ‘nanica’, para posterior cotejo com a imprensa institucionalizada. Coleta de peças e documentos, gravados de depoimentos (sic), fotos documentais e registro de processos operacionais foram, em seguida, classificados, analisados e interpretados.

Supervisor: Décio Pignatari; Pesquisadores: Carlos Alberto Valero de Figueiredo, Eliana Lobo de Andrade Jorge, Flávio Luiz Porto e Silva, Maria Elisa Blandy Vercesi e Rita Okamura, com estudos específicos, nas áreas de que se ocuparam, licenciados pela Escola de Comunicação e Artes da USP.

ÁREA: CINEMA

A Área do Cinema estou curta-metragem de 70 a meados de 76. O estudo abrangeu legislação, produção, distribuição, exibição e as formas de difusão por meio de críticas ou festivais. O tema dentro/fora do sistema foi entendido da seguinte maneira: dentro do sistema estão os curtas que contam ou com um mercado compulsório (cinejornal) ou com o retorno certo de capital, como a cinepublicidade e os filmes de prestação de serviços; fora do sistema os filmes que veiculam os aspectos mais vivos da cultura nacional. Do conjunto de curtas independentes selecionou-se uma amostra que destaca três temas: a situação do curta no Brasil, a participação do imigrante no desenvolvimento da cidade e um histórico de São Paulo, da economia rural à industrialização.

Supervisor: Carlos Roberto Rodrigues de Souza; Pesquisadores: Eliana de Oliveira Queiroz, José Carvalho Motta e Zulmira Ribeiro Tavares, especialistas em cinema com formação na USP.

ÁREA: LITERATURA E SEMIÓTICA

O trabalho se direciona para dois pólos da produção literária: as realizações mantidas à margem do circuito comercial e a tradução de textos literários para a televisão. Na televisão privilegia-se o texto consagrado pela História Literária e mantém-se os padrões convencionados pelo Sistema: linearidade, verossimilhança e intriga. A antiliteratura é desvinculada da norma literária, por constituir informação que enfrenta o bloqueio editorial e a recepção impermeável ao novo. A passagem do texto verbal para o televisivo constitui um fato semiótico que poderá intervir na percepção do receptador, desenvolvendo sua capacidade de aprender a linguagem à procura da invenção.

Supervisora: Professora Lucrécia D’Aléssio Ferrara; Pesquisadores: Cristine Marie Tedeschi Conforti Serroni, Diná Yoshizaki, Erson Martins de Oliveira e Norval Baitello Júnior, licenciados em literatura pela PUC.

ÁREA: MÚSICA / SOM

O título dado à pesquisa foi O Disco em São Paulo. Tratou-se do disco comercial, produzido inteira ou parcialmente na cidade (aqui são produzidos acima de 50% dos discos do país). Colheu-se documentos, de janeiro a julho de 1976, junto a empresas bem pequenas (Clarim, Holiday), médias (Carmona, Japoti) e grandes (RCA, Continental), ilustrando as etapas do processo: empresariado, gravação, industrialização, consumo.

Gravamos e fotografamos depoimentos (empresários, artistas, técnicos de indústria). Colhemos literatura e amostras de discos, material gráfico, etc. A pesquisa se interessou pelo disco como processo que vai da produção ao consumo.

Supervisor: Maestro Damiano Cozzela; Pesquisadores: Dorotéa Machado Kerr, Fernando C. Duarte e Ricardo Lobo de Andrade, musicistas e musicólogos.

ÁREA: ARQUIVO DOCUMENTAL

Compete ao Arquivo Documental do Centro de Pesquisas do IDART, segundo normas internacionais e nacionais de documentação, recolher, processar tecnicamente e divulgar as informações oriundas dos documentos recolhidos pelas diversas áreas de pesquisa ou adquiridas por compra, permuta ou doação recebidas de outras fontes.

Trabalho já em desenvolvimento: Hemeroteca, abrangendo toda manifestação artística e cultural brasileira contemporânea, vem reunindo coleções especiais de jornais e revistas, no sentido de fazer o ‘Registro da Memória’ e de manter atualizadas as áreas de pesquisa e consulentes, arquivando no primeiro semestre de 1976: 8.550 artigos de periódicos e 150 artigos de revistas.

Supervisora: Bibliotecária Maria José Camargo de Carvalho.

O bibliotecário Márcio Airello Pires de Almeida já executou um projeto que visa à recuperação da informação, no Arquivo Documental.
(AV, 31.10, 14.11, 5.12 e 19.12)

Fonte:
Idart chama as empresas.
Folha de S Paulo, 09.01.1977, Artes visuais, p.62.
https://acervo.folha.com.br/digital/leitor.do?numero=6090&anchor=4222673 (acesso para assinantes)