Arquivo Multimeios: P 1956/AMM

Arquivo Multimeios: pacote P 1956/AMM – Acervo IDART
Pesquisado: Fátima Colacite Pessoa de Oliveira
termo de compromisso: 05.07.2016

“Conjunto documental referente às atividades da instituição desde sua criação em 1976 até o encerramento de suas atividades em 2006.
Referenciado como P 1956/AMM – Acervo IDART, este pacote foi produzido a partir da junção de documentos que se encontravam dispersos nas dependências do Arquivo Multimeios e em documentação remanescente das Equipes Técnicas da Divisão de Pesquisas.”
(…)
“Outros documentos estão sendo acrescidos a este pacote, como é o caso dos DVDs, que registraram, em áudio e vídeo, os depoimentos de mais de 40 personalidades, entre artistas, pesquisadores e funcionários que relatam a história do IDART, a partir da vivência e atuação profissional na instituição.”

Quantidades de documentos reunidos:

cartazes: 3
catálogos: 4
convites: 6
documentos textuais: 257
fitas cassetes: 4
folhetos: 23
fotografias: 157
matérias jornalísticas: 35
fitas de vídeo VT: 4
DVD-R: 42
objeto tridimensional: 1
press releases: 4
revistas: 1

Números de tombo por tipo documental:

cartazes: 4.339-4.340, 4.361
catálogos: 2.945-2.948
convites: 3.244-3.248, 4.552
documentos textuais: 9.516-9.523, 9.527-9.546, 9.552-9.568, 9.578-9.646, 9.755-9.795, 9.889-9.893, 10.098-10.189
fitas cassetes: 2.865-2.868
folhetos: 602, 628, 2.732-2.735, 2.841-2.865, 3.428-3.429
fotografias: 123.963, 123.964, 143.702-143.792, 144.872-149.935
matérias jornalísticas: 15.012-15.20, 23.392-23.334, 23.929, 26.162-26.180
fitas de vídeo VT: 393-396
DVD-R: 224-265
objeto tridimensional: 17
press releases: 444, 1.290-1.291, 1.293
revistas: 235

Galeria: artigo – coluna “Artes visuais” – Folha de S. Paulo

Caso único, a coluna Artes Visuais, publicada no jornal Folha de S. Paulo, entre 1976 e 1977, sob direção de Luiz Ernesto Kawall, registra em cinco artigos a organização do novo departamento, sua função e desdobramentos. Inclui entrevistas com a diretora Maria Eugenia Franco e Décio Pignatari, coordenador do Centro de pesquisas. Por fim, resume as pesquisas em desenvolvimento no primeiro ano e lista os pesquisadores reunidos em cada área de pesquisa.

O acesso integral aos artigos está disponível em Idart50. Veja abaixo os links

Galeria: artigo “Idart chama as empresas”

Idart chama as empresas.
Folha de S Paulo, 09.01.1977, Artes visuais, p.62.
editor Luiz Ernesto Machado Kawall
(texto integral)

Quinto de uma série de cinco artigos
com entrevistas e comentários.


O Departamento de Informação e Documentação Artísticas da Secretaria Municipal de Cultura – IDART – solicita, às empresas particulares do Brasil, tais como firmas, bancos, e outras, que editaram brindes de fim de ano, ilustrados com reproduções de qualquer aspecto das artes do Brasil, como artes plásticas (contemporâneas ou do passado), monumentos históricos, arte indígena, arte popular, teatro, música e outras artes, o obséquio de enviarem o número mínimo de três exemplares de suas edições ao Centro de Pesquisas de Arte Brasileira do Departamento à rua Roberto Simonsen, 136 – térreo.

Os exemplares coletados, este ano, integrarão o Arquivo Documental do Centro, sendo por este conservados e utilizados, para exposições e outras atividades.

As edições podem ser de calendários, agendas, álbuns de arte, reproduções avulsas, cartazes, outdoors, textos de revistas, ilustrados ou não, e qualquer outro tipo de documentação sobre as artes em geral, no Brasil, publicada por empresas particulares, sendo consideradas, pelo IDART, de grande importância, como registro documental de Arte Brasileira. O núcleo inicial do IDART, a Seção de Arte da Biblioteca Municipal de Mário de Andrade, criou o Prêmio Ampulheta, para calendários de arte editados no Brasil, mantendo, durante 11 anos, o concurso, com exposições dos premiados.


Resumo das pesquisas já realizadas

Nas últimas reportagens sobre o Centro de Pesquisas de Arte Brasileira do IDART – Departamento de Informações e Documentação Artísticas, da Secretaria Municipal de Cultura, publicamos informações sobre os trabalhos desenvolvidos, no primeiro semestre de 1976, por essa Entidade, nas áreas de Arquitetura e Desenho Industrial, Artes Gráficas, Artes Plásticas e Arte Popular.

Hoje divulgaremos, ainda em primeira mão, resumo das pesquisas realizadas pelas demais áreas do IDAR/CP:


ÁREA: ARTES CÊNICAS

A Área de Artes Cênicas orientou a pesquisa no sentido de documentar os espetáculos que atendem duas faixas da população: o circo e o teatro. A essas duas formas de teatro corresponde uma situação geográfica do espetáculo. O circo acontece na periferia, enquanto o teatro se localiza nos pontos mais centrais da cidade.

A coleta do material pesquisado resultou num acervo de depoimentos gravados (sessenta horas), mil fotografias, duzentos slides, cartazes, programas, críticas, listagem de pessoal, empresas e entidades referentes a essas duas manifestações. Há também um documentário em super-oito realizado pelo ator-circense Demetrius.

Supervisora: Maria Thereza Vargas; Pesquisadores: Carlos Eugênio Marcondes de Moura, Cláudia de Alencar Bittencourt, Linneu Moreira Dias e Mariangela Muraro Alves de Lima, com formação universitária da Escola de Arte Dramática da USP.

Paralelamente, num trabalho interdisciplinar a Área de Arquitetura estudou o circo, enquanto estrutura arquitetônica como informamos domingo passado.

ÁREA: COMUNICAÇÃO DE MASSA

A área de Comunicação de Massa foi subdividida em quatro sub-áreas: Jornalismo, Publicidade, Rádio e Televisão. Cada uma dessas sub-áreas desenvolveu uma pesquisa distinta, dentro do tema geral proposto – SÃO PAULO: DIREITO E AVESSO, ou SÃO PAULO, DENTRO E FORA DO SISTEMA. Estudaram-se, pois, manifestações institucionalizadas e manifestações paralelas e/ou marginalizadas, excetuando o caso de Jornalismo, que se dedicou à chamada imprensa independente ou ‘nanica’, para posterior cotejo com a imprensa institucionalizada. Coleta de peças e documentos, gravados de depoimentos (sic), fotos documentais e registro de processos operacionais foram, em seguida, classificados, analisados e interpretados.

Supervisor: Décio Pignatari; Pesquisadores: Carlos Alberto Valero de Figueiredo, Eliana Lobo de Andrade Jorge, Flávio Luiz Porto e Silva, Maria Elisa Blandy Vercesi e Rita Okamura, com estudos específicos, nas áreas de que se ocuparam, licenciados pela Escola de Comunicação e Artes da USP.

ÁREA: CINEMA

A Área do Cinema estou curta-metragem de 70 a meados de 76. O estudo abrangeu legislação, produção, distribuição, exibição e as formas de difusão por meio de críticas ou festivais. O tema dentro/fora do sistema foi entendido da seguinte maneira: dentro do sistema estão os curtas que contam ou com um mercado compulsório (cinejornal) ou com o retorno certo de capital, como a cinepublicidade e os filmes de prestação de serviços; fora do sistema os filmes que veiculam os aspectos mais vivos da cultura nacional. Do conjunto de curtas independentes selecionou-se uma amostra que destaca três temas: a situação do curta no Brasil, a participação do imigrante no desenvolvimento da cidade e um histórico de São Paulo, da economia rural à industrialização.

Supervisor: Carlos Roberto Rodrigues de Souza; Pesquisadores: Eliana de Oliveira Queiroz, José Carvalho Motta e Zulmira Ribeiro Tavares, especialistas em cinema com formação na USP.

ÁREA: LITERATURA E SEMIÓTICA

O trabalho se direciona para dois pólos da produção literária: as realizações mantidas à margem do circuito comercial e a tradução de textos literários para a televisão. Na televisão privilegia-se o texto consagrado pela História Literária e mantém-se os padrões convencionados pelo Sistema: linearidade, verossimilhança e intriga. A antiliteratura é desvinculada da norma literária, por constituir informação que enfrenta o bloqueio editorial e a recepção impermeável ao novo. A passagem do texto verbal para o televisivo constitui um fato semiótico que poderá intervir na percepção do receptador, desenvolvendo sua capacidade de aprender a linguagem à procura da invenção.

Supervisora: Professora Lucrécia D’Aléssio Ferrara; Pesquisadores: Cristine Marie Tedeschi Conforti Serroni, Diná Yoshizaki, Erson Martins de Oliveira e Norval Baitello Júnior, licenciados em literatura pela PUC.

ÁREA: MÚSICA / SOM

O título dado à pesquisa foi O Disco em São Paulo. Tratou-se do disco comercial, produzido inteira ou parcialmente na cidade (aqui são produzidos acima de 50% dos discos do país). Colheu-se documentos, de janeiro a julho de 1976, junto a empresas bem pequenas (Clarim, Holiday), médias (Carmona, Japoti) e grandes (RCA, Continental), ilustrando as etapas do processo: empresariado, gravação, industrialização, consumo.

Gravamos e fotografamos depoimentos (empresários, artistas, técnicos de indústria). Colhemos literatura e amostras de discos, material gráfico, etc. A pesquisa se interessou pelo disco como processo que vai da produção ao consumo.

Supervisor: Maestro Damiano Cozzela; Pesquisadores: Dorotéa Machado Kerr, Fernando C. Duarte e Ricardo Lobo de Andrade, musicistas e musicólogos.

ÁREA: ARQUIVO DOCUMENTAL

Compete ao Arquivo Documental do Centro de Pesquisas do IDART, segundo normas internacionais e nacionais de documentação, recolher, processar tecnicamente e divulgar as informações oriundas dos documentos recolhidos pelas diversas áreas de pesquisa ou adquiridas por compra, permuta ou doação recebidas de outras fontes.

Trabalho já em desenvolvimento: Hemeroteca, abrangendo toda manifestação artística e cultural brasileira contemporânea, vem reunindo coleções especiais de jornais e revistas, no sentido de fazer o ‘Registro da Memória’ e de manter atualizadas as áreas de pesquisa e consulentes, arquivando no primeiro semestre de 1976: 8.550 artigos de periódicos e 150 artigos de revistas.

Supervisora: Bibliotecária Maria José Camargo de Carvalho.

O bibliotecário Márcio Airello Pires de Almeida já executou um projeto que visa à recuperação da informação, no Arquivo Documental.
(AV, 31.10, 14.11, 5.12 e 19.12)

Fonte:
Idart chama as empresas.
Folha de S Paulo, 09.01.1977, Artes visuais, p.62.
https://acervo.folha.com.br/digital/leitor.do?numero=6090&anchor=4222673 (acesso para assinantes)

Podcast: “Eternizando a memória” (2021)

https://centrocultural.sp.gov.br/eternizando-a-memoria
(com descrição e links)


A série com cinco episódios, que integra o projeto Digitalização e Difusão do Acervo Sonoro e Audiovisual do Arquivo Multimeios-CCSP, procura descrever o acervo com ênfase no processo de digitalização em andamento na década de 2020. A realização contou com apoio do Programa de Ação Cultural da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, a Associação Amigos do Centro Cultural São Paulo e o CCSP.

Disponibilizada em dezembro de 2021, no Spotify e no You Tube, a série traz entrevistas com recortes de 16’/18′, que apresentam o acervo como também projetos de pesquisa nos conjuntos documentais sobre teatro e televisão.

Episódios
1 – O Arquivo Multimeios
2 – Digitalizar também é preservar
3 – A memória da televisão brasileira
4- Processos técnicos de digitalização
5 – O panorama da produção teatral de 75 a 95

Existe uma diferença, porém, entre as edições em áudio e vídeo, pois os programas n.1 em cada série são distintos. Na versão no Spotify, Marta Paolicchi, única remanescente da equipe da Divisão de Pesquisas, traça o histórico do Idart, e os principais conjuntos documentais reunidos. Na versão no You Tube, Edney Almeida de Brito, técnico do Arquivo Multimeios, “apresenta a reserva onde estão os acervos, os tipos de suportes, os processos técnicos de manipulação, as condições de preservação”. (cf. descrição sobre o vídeo).

Para acesso direto, use os links abaixo:

1 – O Arquivo MultimeiosSpotify e You Tube
Marta Paolicchi (versão 1), Edney Almeida de Brito (versão 2)
“…um pouco da história do Arquivo Multimeios” (You Tube)


2 – Digitalizar também é preservarSpotify e You Tube
Camilla Parenti
“… digital organizer e sócia da empresa responsável pela digitalização do acervo audiovisual do Arquivo Multimeios, conta sobre a importância da preservação da memória e do patrimônio histórico cultural por meio da digitalização, trazendo também informações sobre as etapas técnicas desse processo de digitalização e sobre a fragilidade dos suportes de mídias modernas.” (You Tube)


3 – A memória da televisão brasileiraSpotify e You Tube
Didi Monteiro
“Fazendo uma investigação acerca do acervo audiovisual, Didi Montteiro, agente cultural e pesquisador, realiza recorte acerca da memória da televisão brasileira, abarcando importantes momentos da teledramaturgia, das artes cênicas, das artes visuais, da música, do entretenimento,variedades, do jornalismo e propaganda. São programas, telenovelas memoráveis, entrevistas com realizadores e realizadoras, e diferentes artistas que estão na história da TV. É praticamente uma linha do tempo que parte desde os anos 60 e 70 ao início dos anos 2000.” (You Tube)


4- Processos técnicos de digitalizaçãoSpotify e You Tube
Adilson Lima e Sonia Marachlian
“Adilson Lima, técnico responsável pela digitalização do acervo sonoro do Arquivo Multimeios, e Sonia Marachlian, sócia da empresa de digitalização, contam sobre o processo técnico de digitalização de acervos sonoros e audiovisuais.” (You Tube)


5 – O panorama da produção teatral de 75 a 95Spotify e You Tube
Silvana Garcia
“Silvana Garcia, professora, pesquisadora e diretora de teatro, apresenta os principais tópicos da pesquisa realizada, como forma de extroverter os conteúdos do acervo sonoro digitalizado, abordando o contexto histórico e cultural dos áudios de espetáculos que representam momentos importantes de transformação no panorama da produção teatral das décadas de 75 a 95. Parte dessa produção reflete um período de censura e repressão do regime militar, bem como, o surgimento de novos segmentos de produção de novos agentes, sendo um momento fértil no teatro de São Paulo.” (You Tube)

Ficha técnica:
.realização – Ação Cultural CCSP
.coordenação – Ramon Soares
.entrevista e edição – Marta Fonterrada
.operador de áudio Rádio CCSP: Eduardo Neves
.captação e edição: Alessandro Santos e Zé Amado

Galeria: artigo “O vigia da memória” – Boris Kossoy

BARROS, Luciana Cristina. O vigia da memória.
Folha de S. Paulo, site, 01.10.1995, Revista da Folha, n.p.
(texto integral)

O vigia da memória
Luciana Cristina de Barros (entrevista com Boris Kossoy)

Boris Kossoy, 54, é professor, fotógrafo e pesquisador, entre outros títulos. Dedica-se à história da fotografia no Brasil, entre outras histórias. Escreveu -entre outros livros- “Hercules Florence 1833: a Descoberta Isolada da Fotografia no Brasil” e “O Olhar Europeu”, junto com sua mulher, Maria Luiza Tucci Carneiro, lançado no ano passado e ganhador do prêmio Jabuti. Kossoy dirige a Divisão de Pesquisa do Centro Cultural São Paulo, que acaba de inaugurar a nova sede do arquivo Multimeios. Criado em 1975 como parte do extinto Idart (Departamento de Informação e Documentação Artísticas), o acervo ganhou espaço adequado para seus 600 mil documentos. São 20 anos de arte e cultura da cidade, divididos em artes cênicas, gráficas, plásticas, arquitetura, cinema, comunicação de massa, fotografia, literatura e música. Kossoy implantou também a área de pesquisa histórica. “Não se pode compreender o processo artístico e cultural se não se compreende o processo histórico de um país.” L.C.B.

O Brasil continua desmemoriado?
Acho que sim. O que nos falta são referências constantes. Daqui a três anos, poucas pessoas vão se lembrar da recente batalha campal entre torcedores de futebol. Na base de tudo, existe algo que se chama educação e cultura, como primeira prioridade. A história, como mãe da ciência, nos ensina o passado do homem e nos dá esclarecimentos do que somos como decorrência do passado.

Como surgiu o projeto do arquivo?
A preservação de documentos é uma questão brasileira que, nos últimos anos, vem acontecendo. Como historiador, jamais pude imaginar que uma documentação do porte e da importância da reunida no arquivo Multimeios não estivesse preservada. Ao ser convidado para dirigir a divisão de pesquisas resolvi levar adiante esta tarefa básica.

As obras consumiram muito tempo?
A construção de arquivos apropriados para a conservação de documentos não é uma tarefa fora do comum. As obras começaram no final de junho e dia 19 de setembro o arquivo foi inaugurado. A partir de agora, essa documentação passa a ter condições técnicas de preservação.

Qual a história do arquivo?
Quando o Idart foi fundado, em 1975, fazia parte dele o Centro de Pesquisas de Arte Brasileira Contemporânea. Em 1982, com a criação do Centro Cultural São Paulo, aquele centro de pesquisas foi incorporado a ele, transformando-se em Divisão de Pesquisas. Na verdade, o que a gente faz aqui é justamente pesquisa sobre a arte contemporânea brasileira, mas o nosso cenário é a cidade.
Quais as principais características da divisão que o sr. dirige e do arquivo?
Primeiro: aqui não se recebe documentação. A pesquisa é feita e os documentos são gerados por equipes da própria instituição, a partir de uma reflexão nossa. Somos cerca de 60 pesquisadores com formação universitária específica nas áreas. Segundo: o material é preservado por essa mesma instituição.

Quais os métodos de conservação?
Diferentes tipos de suporte reúnem as informações arquivadas: fotográficos, fílmicos, sonoros, gráficos e vídeos. Cerca de 70% têm base fotográfica. E existem condições museológicas aprovadas pelas instituições internacionais como parâmetros para conservação. Umidade do ar, temperatura e poluição têm que ser controladas. O equipamento planejado para cá oferece condições perfeitas de conservação.

Quanta informação nova o espaço projetado tem condição de receber?
É coisa para muitos anos, principalmente se pensarmos do ponto de vista da informática. Com o computador e o scanner você pode ter uma quantidade enorme de informações em disco, que antes exigiriam enormes armários. O espaço necessário será cada vez menor, se bem que também preservamos o documento original, a fonte primária.


Em que passo está a informatização?
O arquivo Multimeios já conta com computador próprio, além das máquinas do Centro Cultural. Primeiro, fizemos um levantamento indicativo do acervo, que será publicado em dois meses. É o inventário documental do acervo, que deverá ser anualmente atualizado. Na sequência, trataremos da transfusão e difusão das informações via banco de dados. A idéia é informatizar até a consulta, para que num momento em que o consulente não precise ver o original, ele tenha na tela do computador as condições de saber o que está lá e tenha a referência visual.

Quem pode consultar o arquivo?
Qualquer pessoa. Mas é preferível dar antes um telefonema, porque não funcionamos como biblioteca: nosso atendimento é personalizado.

Quais são as partes que compõem a nova sede do arquivo?
Há uma câmara climatizada onde fica a documentação e três salas de apoio, que também têm as condições adequadas de preservação: sala de som, de microfilme e laboratório fotográfico. A primeira é onde as fitas do acervo podem ser reproduzidas. Na sala de microfilme, guardamos principalmente a documentação de imprensa. Os microfilmes já formam uma documentação selecionada do que sai diariamente na imprensa sobre determinada área de arte ou cultura, que a pessoa pode consultar. O laboratório foi pensado para que os negativos do nosso material não saiam -como até então saíam- da instituição para serem copiados em outro lugar, o que não se concebe.

O arquivo está ligado a instituições estrangeiras semelhantes?
Não há ligação formal, mas universidades como a Sorbonne e a da Califórnia têm perfeito conhecimento do material que existe aqui. Frequentemente recebemos consultas. Queremos difundir o mais possível o que existe no arquivo. Quando entrarmos na Internet -estamos a ponto de- essa meta será facilitada.

Que outras atividades a Divisão de Pesquisas desenvolve?
Nesse momento em que se aproxima o fim do século e em que o Idart comemora 20 anos, as equipes de pesquisa estão envolvidas numa cronologia extensiva, de 75 a 95, cobrindo todas as nossas áreas. Pretendemos publicar essas cronologias. Essa série faz parte do grande projeto interdisciplinar chamado “Referências“e referências é do que o Brasil mais precisa. Além disso, estamos trabalhando num banco de dados sobre cinema; na área de arquitetura está correndo um projeto de depoimentos dos grandes nomes do Brasil; em literatura recolhemos depoimentos dos principais produtores e escritores.

Quais são seus objetivos agora?
A conclusão do projeto “Referências, com a publicação das cronologias, é uma das metas. A informatização total de anuários e pesquisas é outra -mas precisamos conseguir mais computadores.

Por que você instituiu uma nova área no arquivo, a de pesquisa histórica?
A história fotográfica de um país está vinculada ao processo histórico. Muitas vezes se tem a idéia de que a imagem reflete um fragmento de mundo. Mas o importante é saber o que está além do fragmento, o antes e o depois, para compreender a foto. Isso se passa em todas as manifestações artísticas. Mas o problema maior com a imagem é que ela nos fascina e pensamos que ela expressa a realidade. Mas a história mostra que a imagem é fruto de uma sucessão interminável de montagens técnicas, estéticas e ideológicas.

Fonte:
BARROS, Luciana Cristina. O vigia da memória. Folha de S. Paulo, site, 01.10.1995, Revista da Folha, n.p. (acesso em: 04.01.2025) https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/10/01/revista_da_folha/11.html

Galeria: artigo “Idart abre ao público suas pesquisas e arquivo de arte”

Idart abre ao público pesquisas e arquivo de arte.
O Estado de S. Paulo, 13.06.1979, p.11.
(texto integral)

“Mesmo sabendo que está em instalações precárias para satisfazer de maneira ideal seus serviços, o Idart (Departamento de Informações e Documentação Artística), da Secretaria Municipal de Cultura, resolveu abrir esta semana, na sua sede – rua Roberto Simonsen, 136 – o Arquivo Multimeios do Centro de Pesquisas para o público e pesquisadores. O horário de atendimento é das 8 às 11e30, de segunda a sexta, devendo, preferencialmente, o interessado consultar com um dia de antecedência a disponibilidade para que haja a devida orientação de um bibliotecário específico.

O Arquivo reúne informações contemporâneas sobre arquitetura, artes cênicas, plásticas e gráficas, cinema, comunicação de massa, além de literatura e música. São documentos que abordam todas as atividades registradas nestes campos, desde 1977, no município de São Paulo, com o devido currículo de cada pessoa participante, as críticas que saíram publicadas em jornais e o registro visual (diapositivos, filmes).

O Idart foi criado com a intenção de memorizar o processo cultural da cidade e o supervisor do Arquivo, Darwin Pavan Filho, explica que a iniciativa só agora se concretizou, porque todos esperavam uma mudança de local, o que acabou não acontecendo.

O Idart existe há três anos, passando pela fase de implantação no ano de 1976, seguindo-se a etapa de busca de subsídios, que só puderam ser expostos efetivamente em 1978, já que uma grande quantidade de pesquisas chega a durar praticamente um ano ou mais. “Como não temos datas de mudanças, resolvemos aproveitar o horário ocioso durante a manhã. Assim conseguimos dar um atendimento adequado às necessidades de cada indivíduo. Fisicamente nós temos condições de atender 20 pessoas por dia, mas isso vai depender do tipo de consulta, já que um colégio pode dispensar um bibliotecário e se reunir num espaço pequeno sem alterações maiores.”

Muitas pesquisas do Instituto ainda estão em andamento. É o caso das introdução à arquitetura atual de São Paulo. Outros, como o futebol, dependem diariamente da inserção de novas informações. Ainda inédito, este assunto é abordado em todos os meios artísticos possíveis com a série de detalhes constatada no meio das artes plásticas, cinema, música, artes cênicas e assim por diante. Há aproximadamente 12 publicações no prelo, que ainda não saíram, devido à falta de verbas para as edições.

Até o momento foram publicados os anuários de Artes Plásticas, um Manual de Identificação e um índice de eventos.

Por enquanto, o Idart não realizou qualquer tipo de convênio. Alguns contatos estão sendo mantidos com a Funarte, a fim de alargar as possibilidades de pesquisa, embora não haja interesse em ampliar os limites físicos estabelecidos. Em números, as pesquisas já prontas são aproximadamente 100. No ano passado, o Idart, com suas oito áreas de atuação, juntou pouco mais de 27 mil recortes de jornais, que somam com os dois anos anteriores e os de 1979, a 45 mil. Possui 30 mil documentos visuais, três mil fitas gravadas, 80 filmes super-8 e nove mil cartazes. À disposição dos interessados estão também arquivos menores com dados de alguns artistas, críticos e escritores. É sua uma discoteca que, de acordo com Darwin Pavan Filho, é o maior acervo de discos e partituras do Brasil e uma biblioteca de arte brasileira e internacional. Quase todas as peças podem ser duplicadas e, se alguém quiser uma cópia, pode pedir automaticamente, devendo pagar uma quantia estabelecida pela prefeitura.”

(nossos negritos)