Debates e palestras

2001



Seminários Delineando nortes
CCSP, Sala de debates, 2001
4 módulos

2003



Imagem como mídia na pesquisa em ciências humanas: fotografia
CCSP, Sala de debates, 07.10 a 25.11.2003
organização: ETP Fotografia
com Miriam Lifchitz Moreira Leite (07.10), Fernando de Tacca (14.10), Milton Guran (21.10), Mauro Khoury (28.10), Ana Maria Mauad (04.11), Luiz Eduardo Robinson Achutti (11.11), Pedro Ribeiro (18.11), Sylvia Caiuby Novaes (25.11)

2004


Textos seminais para a fotografia no Brasil: Benjamin, Barthes, Sontag, Flusser e Machado
CCSP, Sala de debates, 05.08 a 12.09.20204
organização: ETP Fotografia
com Lucia Santaella e Mauricio Lissovsky (05.08), Arlindo Machado e Ricardo Mendes (12.08), Helouise Costa e Joaquim Paiva (19.08), Etienne Samain e Leda Tenório Motta (26.08), Christine Mello e Pedro Karp Vasquez (02.09), e Eder Chiodetto, Rubens Fernandes Junior e Tadeu Chiarelli (16.09, Balanço final: novos vetores)

2015


CCSP, abril a julho de 2015
Idart 40 anos
Série de depoimentos públicos de pesquisadores e colaboradores do antigo IDART e Divisão de Pesquisas, já extintas
Incluindo
Boris Kossoy, Leonardo Crescenti, Márcia Ribeiro, Mônica Junqueira de Camargo, Ricardo Mendes

Galeria: artigo “O vigia da memória” – Boris Kossoy

BARROS, Luciana Cristina. O vigia da memória.
Folha de S. Paulo, site, 01.10.1995, Revista da Folha, n.p.
(texto integral)

O vigia da memória
Luciana Cristina de Barros (entrevista com Boris Kossoy)

Boris Kossoy, 54, é professor, fotógrafo e pesquisador, entre outros títulos. Dedica-se à história da fotografia no Brasil, entre outras histórias. Escreveu -entre outros livros- “Hercules Florence 1833: a Descoberta Isolada da Fotografia no Brasil” e “O Olhar Europeu”, junto com sua mulher, Maria Luiza Tucci Carneiro, lançado no ano passado e ganhador do prêmio Jabuti. Kossoy dirige a Divisão de Pesquisa do Centro Cultural São Paulo, que acaba de inaugurar a nova sede do arquivo Multimeios. Criado em 1975 como parte do extinto Idart (Departamento de Informação e Documentação Artísticas), o acervo ganhou espaço adequado para seus 600 mil documentos. São 20 anos de arte e cultura da cidade, divididos em artes cênicas, gráficas, plásticas, arquitetura, cinema, comunicação de massa, fotografia, literatura e música. Kossoy implantou também a área de pesquisa histórica. “Não se pode compreender o processo artístico e cultural se não se compreende o processo histórico de um país.” L.C.B.

O Brasil continua desmemoriado?
Acho que sim. O que nos falta são referências constantes. Daqui a três anos, poucas pessoas vão se lembrar da recente batalha campal entre torcedores de futebol. Na base de tudo, existe algo que se chama educação e cultura, como primeira prioridade. A história, como mãe da ciência, nos ensina o passado do homem e nos dá esclarecimentos do que somos como decorrência do passado.

Como surgiu o projeto do arquivo?
A preservação de documentos é uma questão brasileira que, nos últimos anos, vem acontecendo. Como historiador, jamais pude imaginar que uma documentação do porte e da importância da reunida no arquivo Multimeios não estivesse preservada. Ao ser convidado para dirigir a divisão de pesquisas resolvi levar adiante esta tarefa básica.

As obras consumiram muito tempo?
A construção de arquivos apropriados para a conservação de documentos não é uma tarefa fora do comum. As obras começaram no final de junho e dia 19 de setembro o arquivo foi inaugurado. A partir de agora, essa documentação passa a ter condições técnicas de preservação.

Qual a história do arquivo?
Quando o Idart foi fundado, em 1975, fazia parte dele o Centro de Pesquisas de Arte Brasileira Contemporânea. Em 1982, com a criação do Centro Cultural São Paulo, aquele centro de pesquisas foi incorporado a ele, transformando-se em Divisão de Pesquisas. Na verdade, o que a gente faz aqui é justamente pesquisa sobre a arte contemporânea brasileira, mas o nosso cenário é a cidade.
Quais as principais características da divisão que o sr. dirige e do arquivo?
Primeiro: aqui não se recebe documentação. A pesquisa é feita e os documentos são gerados por equipes da própria instituição, a partir de uma reflexão nossa. Somos cerca de 60 pesquisadores com formação universitária específica nas áreas. Segundo: o material é preservado por essa mesma instituição.

Quais os métodos de conservação?
Diferentes tipos de suporte reúnem as informações arquivadas: fotográficos, fílmicos, sonoros, gráficos e vídeos. Cerca de 70% têm base fotográfica. E existem condições museológicas aprovadas pelas instituições internacionais como parâmetros para conservação. Umidade do ar, temperatura e poluição têm que ser controladas. O equipamento planejado para cá oferece condições perfeitas de conservação.

Quanta informação nova o espaço projetado tem condição de receber?
É coisa para muitos anos, principalmente se pensarmos do ponto de vista da informática. Com o computador e o scanner você pode ter uma quantidade enorme de informações em disco, que antes exigiriam enormes armários. O espaço necessário será cada vez menor, se bem que também preservamos o documento original, a fonte primária.


Em que passo está a informatização?
O arquivo Multimeios já conta com computador próprio, além das máquinas do Centro Cultural. Primeiro, fizemos um levantamento indicativo do acervo, que será publicado em dois meses. É o inventário documental do acervo, que deverá ser anualmente atualizado. Na sequência, trataremos da transfusão e difusão das informações via banco de dados. A idéia é informatizar até a consulta, para que num momento em que o consulente não precise ver o original, ele tenha na tela do computador as condições de saber o que está lá e tenha a referência visual.

Quem pode consultar o arquivo?
Qualquer pessoa. Mas é preferível dar antes um telefonema, porque não funcionamos como biblioteca: nosso atendimento é personalizado.

Quais são as partes que compõem a nova sede do arquivo?
Há uma câmara climatizada onde fica a documentação e três salas de apoio, que também têm as condições adequadas de preservação: sala de som, de microfilme e laboratório fotográfico. A primeira é onde as fitas do acervo podem ser reproduzidas. Na sala de microfilme, guardamos principalmente a documentação de imprensa. Os microfilmes já formam uma documentação selecionada do que sai diariamente na imprensa sobre determinada área de arte ou cultura, que a pessoa pode consultar. O laboratório foi pensado para que os negativos do nosso material não saiam -como até então saíam- da instituição para serem copiados em outro lugar, o que não se concebe.

O arquivo está ligado a instituições estrangeiras semelhantes?
Não há ligação formal, mas universidades como a Sorbonne e a da Califórnia têm perfeito conhecimento do material que existe aqui. Frequentemente recebemos consultas. Queremos difundir o mais possível o que existe no arquivo. Quando entrarmos na Internet -estamos a ponto de- essa meta será facilitada.

Que outras atividades a Divisão de Pesquisas desenvolve?
Nesse momento em que se aproxima o fim do século e em que o Idart comemora 20 anos, as equipes de pesquisa estão envolvidas numa cronologia extensiva, de 75 a 95, cobrindo todas as nossas áreas. Pretendemos publicar essas cronologias. Essa série faz parte do grande projeto interdisciplinar chamado “Referências“e referências é do que o Brasil mais precisa. Além disso, estamos trabalhando num banco de dados sobre cinema; na área de arquitetura está correndo um projeto de depoimentos dos grandes nomes do Brasil; em literatura recolhemos depoimentos dos principais produtores e escritores.

Quais são seus objetivos agora?
A conclusão do projeto “Referências, com a publicação das cronologias, é uma das metas. A informatização total de anuários e pesquisas é outra -mas precisamos conseguir mais computadores.

Por que você instituiu uma nova área no arquivo, a de pesquisa histórica?
A história fotográfica de um país está vinculada ao processo histórico. Muitas vezes se tem a idéia de que a imagem reflete um fragmento de mundo. Mas o importante é saber o que está além do fragmento, o antes e o depois, para compreender a foto. Isso se passa em todas as manifestações artísticas. Mas o problema maior com a imagem é que ela nos fascina e pensamos que ela expressa a realidade. Mas a história mostra que a imagem é fruto de uma sucessão interminável de montagens técnicas, estéticas e ideológicas.

Fonte:
BARROS, Luciana Cristina. O vigia da memória. Folha de S. Paulo, site, 01.10.1995, Revista da Folha, n.p. (acesso em: 04.01.2025) https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/10/01/revista_da_folha/11.html

Fotógrafos “do Idart”

Um grande número de fotógrafos, especialmente jovens profissionais, atuantes ao final da década de 1970 até a década de 1990, teve seus nomes associados ao Idart e à Divisão de Pesquisas. Em sua quase totalidade, não tinham vínculos empregatícios diretos com o Idart ou a Divisão de Pesquisas. Um parcela pequena ao final dos anos 1980 e 1990 integrava a equipe de fotógrafos do CCSP.

Essa marca – “fotógrafos do Idart” – esteve assim associada a um conjunto de profissionais voltados para a documentação artística, como também em campos complementares como arquitetura, o que justifica que seja feito aqui uma primeira relação de colaboradores.

Ary Brandi
Djalma Limongi Batista (n.1947-2023)
Emidio Luisi
Francisco Magaldi
Gal Oppido – Marco Aurélio Oppido (n.1952)
Gualter Batista
Heloisa Greco Bortz (n.1968)
João Caldas – João Gomes Caldas Filho (n.1957)
João Mussolin Neto (n.1955) (CCSP)
Joel La Laina Sene (n.1951)
Kaka Alcover – Claudia Maria Riccio Alcover (CCSP)
Lenise Pinheiro (n.1960)
Leonardo Crescenti Netto (n.1954-2018)
Maria Luiza Garavelli
Mario Castello – Mario V. Castello Silva
Ruth Amorim Toledo
Sosô Parma – Sonia Regina Parma (n.1956) (CCSP)
Sylvia Masini (SMC)
Yuji Kusuno (IDART, 1976)

Prêmio Jabuti 2008: ‘Noticiário geral da photographia paulistana: 1839-1900’

Em 31 de outubro de 2008 o livro Noticiário geral da photographia paulistana, de Paulo Cezar Alves Goulart e Ricardo Mendes, publicada em 2007 pelo Centro Cultural São Paulo e Imprensa Oficial-IMESP, é contemplado em primeiro lugar na 50ª edição do Prêmio Jabuti, realizado pela CBL, na categoria Arquitetura e Urbanismo, Fotografia, Comunicação e Artes.

O livro, originalmente uma pesquisa finalizada em 1993 pelo arquiteto, especializado em artes gráficas, Paulo Goulart (ETP Artes gráficas), constitui um projeto ampliado em conjunto com Ricardo Mendes (ETP Fotografia), ilustrado em grande parte pela coleção recentemente renovada do Museu Paulista-MP.

Noticiário geral da photographia paulistana 1839-1900 (2007

GOULART, Paulo Cezar Alves; MENDES, Ricardo.  Noticiário geral da photographia paulistana: 1839-1900.  1ª ed.  São Paulo: CCSP/Imprensa Oficial do Estado, 2007.  il.  340p.  24 x 21 cm. Reimpressão: 2011.

Locais de funcionamento: 1975-2008

1975-1980Solar da Marquesa
Rua Roberto Simonsen n. 136 – térreo

(veja abertura da hemeroteca, 1979)
1980-1992Casa das Retortas
Rua do Gasômetro n.77 – térreo
1992-2008Centro Cultural São Paulo
Rua Vergueiro n.1000

.novas instalações do Arquivo Multimeios, set.1995, projeto coordenado por Boris Kossoy (veja entrevista, FSP, 01.10.1995)

Cadernos de Pesquisa, por Martin Grossmann

O diretor do CCSP, Martin Grossmann, apresenta a coleção comemorativa dos 30 anos do IDART, em 2007. Veja o texto completo:

“A ‘Coleção cadernos de pesquisa’ é composta por fascículos produzidos pelos pesquisadores da Divisão de Pesquisas do Centro Cultural São Paulo, que sucedeu o Centro de Pesquisas sobre Arte Brasileira Contemporânea do antigo Idart (Departamento de Informação e Documentação Artística). Como parte das comemorações dos 30 anos do Idart, as Equipes Técnicas de Pesquisa e o Arquivo Multimeios elaboraram vinte fascículos, que agora são publicados no site do CCSP. A Coleção apresenta uma rica diversidade temática, de acordo com a especificidade de cada Equipe em sua área de pesquisa – cinema, desenho industrial/artes gráficas, teatro, televisão, fotografia, música – e acaba por refletir a heterogeneidade das fontes documentais armazenadas no Arquivo Multimeios do Idart.

“É importante destacar que a atual gestão prioriza a manutenção da tradição de pesquisa que caracteriza o Centro Cultural desde sua criação, ao estimular o espírito de pesquisa nas atividades de todas as divisões. Programação, ação, mediação e acesso cultural, conservação e documentação, tornam-se, assim, vetores indissociáveis.

“Alguns fascículos trazem depoimentos de profissionais referenciais nas áreas em que estão inseridos, seguindo um roteiro em que a trajetória pessoal insere-se no contexto histórico. Outros fascículos são estrutura- dos a partir da transcrição de debates que ocorreram no CCSP. Esta forma de registro – que cria uma memória documental a partir de depoimentos pessoais – compunha uma prática do antigo Idart.

“Os pesquisadores tiveram a preocupação de registrar e refletir sobre certas vertentes da produção artística brasileira. Tomemos alguns exemplos: o pesquisador André Gatti mapeia e identifica as principais tendências que caracterizaram o desenvolvimento da exibição comercial na cidade de São Paulo em ‘A exibição cinematográfica: ontem, hoje e amanhã’. Mostra o novo painel da exibição brasileira contemporânea em Memória da Dança em São Paulo focando o surgimento de alguns novos circuitos e as perspectivas futuras das salas de exibição.

“Já ‘A criação gráfica 70/90: um olhar sobre três décadas’, de Márcia Denser e Márcia Marani traz ênfase na criação gráfica como o setor que realiza a identidade corporativa e o projeto editorial. Há transcrição de depoimentos de 10 significativos designers brasileiros, em que a experiência pessoal é inserida no universo da criação gráfica.

““A evolução do design de mobília no Brasil (mobília brasileira contemporânea)”, de Cláudia Bianchi, Marcos Cartum e Maria Lydia Fiammingui trata da trajetória do desenho industrial brasileiro a partir da década de 1950, enfocando as particularidades da evolução do design de móvel no Brasil.

“A evolução de novos materiais, linguagens e tecnologias também encontra-se em ‘Novas linguagens, novas tecnologias’, organizado por Andréa Andira Leite, que traça um panorama das tendências do design brasileiro das últimas duas décadas.

“‘Caderno Seminário Dramaturgia’, de Ana Rebouças traz a transcrição do “Seminário interações, interferências e transformações: a prática da dramaturgia” realizado no CCSP, enfocando questões relacionadas ao desenvolvimento da dramaturgia brasileira contemporânea. Procurando suprir a carência de divulgação do trabalho de grupos de teatro infantil e jovem da década de 80, ‘Um pouquinho do teatro infantil’, organizado por Maria José de Almeida Battaglia, traz o resultado de uma pesquisa documental realizada no Arquivo Multimeios.

“A documentação fotográfica, que constituiu uma prática sistemática das equipes de pesquisa do Idart durante os anos de sua existência, é evidenciada no fascículo organizado por Marta Regina Paolicchi, ‘Fotografia: Fredi Kleemann’, que registrou importantes momentos da cena teatral brasileira.

“Na área de música, um panorama da composição contemporânea e da música nova brasileira é revelado em ‘Música Contemporânea I’ e ‘Música Contemporânea II’ – que traz depoimentos dos compositores Flô Menezes, Edson Zampronha, Sílvio Ferrraz, Mário Ficarelli e Marcos Câmara. Já ‘Tributos Música Brasileira’ presta homenagem a personalidades que contribuíram para a música paulistana, trazendo transcrições de entrevistas com a folclorista Oneyda Alvarenga, com o compositor Camargo Guarnieri e com a compositora Lina Pires de Campos.

“Esperamos com a publicação dos e-books ‘Coleção cadernos de pesquisa’, no site do CCSP, democratizar o acesso a parte de seu rico acervo, utilizando a mídia digital como um poderoso canal de extroversão, e caminhando no sentido de estruturar um centro virtual de referência cultural e artística. Dessa forma, a iniciativa está em consonância com a atual concepção do CCSP, que prioriza a interdisciplinaridade, a comunicação entre as divisões e equipes, a integração de pesquisa na esfera do trabalho curatorial e a difusão de nosso acervo de forma ampla.”

Martin Grossmann
Diretor


Reproduzido do volume 4, p.4-6.
COELHO, Maria Cristina Barbosa Lopes (org.), XAVIER, Renata Ferreira (org.). Memória da Dança em São Paulo. São Paulo: Centro Cultural São Paulo, 2007. 92p. (cadernos de pesquisa; v. 4) (download)

Galeria: anos 1990

CCSP, anos 1990, Natal. Da direita para esquerda, sentados: Ana Maria Rebouças (Artes cênicas) e Ricardo Mendes (Fotografia); atrás, em pé: Márcia Denser (Literatura), Maria Thereza Vargas (Artes cênicas), Maria Olimpia Vassão (Artes plásticas), Ana Maria Campanhã (Educativo), Sonia Fontanezi (Artes gráficas) e Fátima Arcoverde (Literatura).

Enviado por Fátima Arcoverde (2024.12.20). Autoria desconhecida.

Idart 30 anos, apresentação

Texto da curadora Sonia Fontanezi para a mostra Idart 30 anos,
realizada no CCSP (12.05 a 05.08.2007).
Enviado por Maria Adelaide Pontes em 12.12.2024.

Os anos 1970 no Brasil, foram marcados também, pela riqueza dos caminhos culturais desenhados nos anos 50, quando São Paulo inicia sua conversa com o mundo, através do espírito modernista na Arquitetura, na Poesia Concreta, nas Artes Plásticas.

A diversidade dessa produção cultural nacional fez com que Maria Eugênia Franco, responsável então pela seção de arte da Biblioteca Mario de Andrade, idealizasse um projeto de criação para um centro, onde o foco principal seria a pesquisa da Arte Brasileira Contemporânea. Este projeto foi concretizado em 20 de maio de 1975, pela Lei 8252, com a criação do Departamento de Informação e Documentação Artísticas, instalado em janeiro de 1976 na chamada Casa da Marquesa, junto à Secretaria de Cultura. O IDART, cuja primeira diretora foi Mária Eugênia, absorveu a antiga Biblioteca de Arte da Biblioteca Mário de Andrade e a antiga Discoteca Municipal, inaugurando na cidade, um trabalho de pesquisa, vinculado à criação e à investigação artísticas, que viria a ser conhecido nacionalmente.

A viabilização desse Departamento é de autoria de Décio Pignatari, que também foi seu primeiro diretor. Um instrumento contemporâneo na época, que em sua gênese aponta para o futuro. Em 1975, êle previa a organização e recuperação não mecânica da informação. Desde 1963, Décio estuda a questão da linguagem através da semiótica e das teorias da informação e comunicação. Esse trabalho está em plena sicronia com sua obra.

É de 1973, seu poema Noosfera*, que para além de sua concretude poética, aponta também, para a hoje chamada telesfera (documentos disponíveis na Web). Hoje, a prática eletrônica do pensamento já se realizou no cotidiano – a ferramenta digital, já está incorporada ao nosso sistema de percepção, fazendo parte integrante da nossa forma de assimilar, investigar, interpretar e recriar o mundo.

Para Décio Pignatari, em 1975, a Hemeroteca e Arquivo Multimeios significou célula básica para o Núcleo de Recuperação da Informação – o Banco de Dados, visando a implantação de sistemas de recuperação digital, com um modelo de documentação contínua, por 20 anos ao longo do tempo. Este trabalho continua sendo feito em bases semi-artesanais, tentando manter viva a informação ali depositada, ao longo do tempo, em sua diversificação de técnicas suportes e linguagens.

O Centro de Pesquisas foi em 1976 uma novidade institucional e cultural, que São Paulo apresentou. Os caminhos ali apontados e os possíveis percursos continuam sendo únicos.

O acervo do IDART se configura hoje como produto de 32 anos de pesquisa e documentação, construído na relação e confronto entre a natureza do objeto analisado e sua relação com a natureza do instrumento de leitura, gerados pelo próprio objeto e sua compreensão. Com reconhecimento ou recusa deste princípio, o trabalho se realizou ao longo do tempo e sua importância se legitimou e é única.

A forma de seleção e organizaçãp do material para esta mostra surge da grande quantidade de documentos armazenados neste Acervo. Como toda quantidade, instiga o crivo para a qualidade. Apresentamos o material em diferentes suportes, para que os documentos se mostrem em sua singularidade e diversidade, dispostos em linha do tempo, um fio condutor que permite foco nos objetos, e ao mesmo tempo propicia relações entre êles.

A disposição simultânea, visa uma espécie de mostruário, apontando para uma possível tipologia. Depois de conviverem separados por área de conhecimento por tanto tempo, nós os devolvemos ao espaço público de exposição, na situação em que foram coletados, retiramos dêles o confinamento para que tambén se relacionem entre si, nesta mostra.

Todos os profissionais do atual Arquivo Multimeios do CCSP, participaram ativamente da seleção dos documentos mais significativos em suas áreas de especialização, assim como do projeto e da produção desta mostra.

Desde o primeiro momento, impôs-se como uma grande citação e homenagem, a visualidade das edições do Laboratório Gráfico do Idart, que impõe sua atualidade em relação aos meios de produção atuais. Sua personalidade gráfica foi delineada por Cláudio Ferlauto, Décio Pignatari e Fernando Lemos, em 1975. Desenvolvida e aplicada pelo próprio Fernando , até 1978. Para essa vestimenta, nos permitimos algumas licenças que o tempo, a tecnologia e as condições de produção impõem, ou permitem.

Esta mostra é portanto esse mostruário aberto , um testemunho e um registro discreto, do pensamento e do fazer cotidiano de profissionais que, ao longo de 32 anos, seja qual for o vínculo com o Idart, ou sua intensidade, dedicaram a intregridade do seu trabalho ao projeto e tornaram possível este Acervo e o seu futuro.

Nós nos incluímos entre êles.

São Paulo, maio de 2007