perfil: Radha Abramo

Radha Abramo (n.1928-2013)
Radha Antonia Pinto Abramo

IDART
.1978-1979 – coordenadora do Centro de Pesquisas de Arte Contemporânea Brasileira (1978-1979)

.1985 – convidada para ser a primeira gestora do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo

“Nascida em São Paulo, em 04 de dezembro de 1928, Radha Abramo teve contato com o jornalismo desde cedo, através da figura de seu pai, o jornalista Décio Abramo. Cursou História da Arte na École du Louvre (Sorbonne) em 1951 sob orientação de Jean Cassou e estagiou no museu até 1952, sob orientação de Bernard Dorival. Entre 1970 e 1971, formou-se em Artes Plásticas e cursou aulas de pós-graduação na Escola de Sociologia e Política de São Paulo, estudando Estética e História da Arte.”
(site INSTAGRAM, perfil acervosdospalacios, 04.12.2024, acesso: 28.03.2025)

Acervo pessoal:
CEDAE – Centro de Documentação Cultural / Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp -IEL (https://www.iel.unicamp.br/cedae/)
24 metros lineares

.download: Fundo Radha Abramo – CEDAE-IEL-UNICAMP, 2021, 225p.

FundoRADHA ABRAMO
Área de identificação
Código de ReferênciaBR UNICAMP IEL/CEDAE RA
TítuloRadha Abramo
Data1906 – 2011 (Predominantemente 1977 – 2005)
Nível de DescriçãoFundo
Dimensão e Suporte24 metros lineares
Área de contextualização
Nome do ProdutorABRAMO, Radha Antonia Pinto
História Administrativa/BiografiaRadha Antonia Pinto Abramo nasceu em São Paulo no dia 4 de dezembro de 1928. Filha de Maria de Lourdes de Almeida Pinto e do jornalista e poeta paulista Decio Abramo. Foi casada com o jornalista Cláudio Abramo (1923-1987), com quem teve duas filhas: Barbara e Berenice. Cursou o Colegial (Clássico) no Colégio São Paulo, formando-se em 1948. Em 1951, com bolsa de estudos, cursa História da Arte na École du Louvre, Departamento da Sorbonne, sob orientação de Jean Cassou. Período em que se torna estagiária no Museu do Louvre, sob orientação de Bernard Dorival, cargo que ocupa até 1952. De volta ao Brasil, trabalha na produção, direção e apresentação do programa da TV Record “Por um mundo melhor”, entre 1954 e 1955. Ainda nesse meio de comunicação, produz e apresenta, entre 1957 e 1964, o programa da TV Tupi “Arte e Forma”, destinado à divulgação das artes plásticas. Nessa mesma época, entre 1958 e 1964, foi Diretora Artística da Galeria Ambiente em São Paulo e, entre 1965 e 1967, Diretora artística do Centro de Artes Visuais da Folha de São Paulo. Paralelamente, em 1967, foi Diretora Artística da 9ª Bienal Internacional de São Paulo. Ainda nos anos 1960, enquanto historiadora e crítica de arte, colaborou com os jornais “Diário de São Paulo”, “O Estado de São Paulo”, “O Tempo” e “Tribuna da Imprensa” (RJ). Em 1970, formou-se em Artes Plásticas e, logo em seguida, tirou a Licenciatura em Desenho e Plástica pela FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado. Entre 1970 e 1971, cursou aulas de Pós-graduação na Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Em 1971, viaja para Paris e, sob orientação de Lucien Goldman, estuda estética e história da arte na École de Hautes Études en Sciences Sociales. Entre 1973 e 1974, faz todas as aulas exigidas pelo programa de Pós-graduação da Escola de Comunicações e Arte da Universidade de São Paulo. Em 1974, foi Diretora artística da 2ª (e última) Bienal Nacional de São Paulo. No ano seguinte, é presa, junto com o marido, pelo DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna), acusados de subversão. Ainda nos anos 1970, foi Diretora do Centro de Pesquisas/IDART – Prefeitura de São Paulo, escreveu críticas de arte na “Folha de São Paulo” e, com a psicóloga Maria Margarida de Carvalho, desenvolveu estudos de arterapia no Hospital das Clínicas de São Paulo e no Centro de Psicologia de São Paulo e fez ensaios de psicologia e da aplicação de métodos de “Terapias Expressivas” em institutos terapêuticos, universidades e, em especial, nos presídios do estado de São Paulo. Na primeira metade dos anos de 1980 volta a residir na Europa, ficando entre Paris e Londres. Nesse período, participa de pesquisas no norte da África, na França e na Itália. Em 1985, retorna ao Brasil e, convidada pelo governador Franco Montoro, monta, instala e é nomeada Curadora do Acervo Artístico Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo, cargo que ocuparia até aposentar-se em 1998; torna-se, assim, responsável pelo acervo do Palácio dos Bandeirantes, pelo acervo do Palácio do Horto Florestal, ambos em São Paulo, assim como pelo acervo do Palácio Boa Vista, em Campos do Jordão. Entre 1984 e 1987, é responsável pela mostra internacional “Da Cor e do desenho do Brasil”, projeto que percorreu inúmeros países europeus mostrando a qualidade das obras dos brasileiros. Em 1986, é curadora da Bienal de Veneza/Brasil. Radha Abramo participou da elaboração e construção de vários projetos de Arte Pública: “Museu da Praça da Sé”, “Arte no Metrô de São Paulo”, “Praça da memória” – Arquivo do Estado, Campus da Cidade Universitária” e Projeto “Eu Vi o Mundo… Ele Começava no Recife”, com Cícero Dias e Francisco Brennand, e, em Lisboa, com um grande mural de Luiz Ventura, na Estação Restauradores, quando da “Comemoração dos 500 Anos do Brasil”. Professora, museóloga, historiadora e crítica de arte, publicou estudos e comentários históricos/críticos de artes plásticas da Europa e da América Latina em diversos jornais, revistas e como capítulos de livros. Como crítica de arte, realizou diversas apresentações de artistas plásticos brasileiros, em catálogos para mostras nacionais e estrangeiras em galerias de arte. Fez parte de comissões culturais e executou diversos projetos de pesquisa na área da cultura e da educação e fez inúmeras mostras e participou de salões de arte no Brasil e no exterior. Foi membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte – ABCA, da Associação Internacional de Críticos de Arte – AICA, da Internacional Council of Monuments and Sites – ICOMOS/Brasil, do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, e, em 1983, participou da fundação da ONG Comissão Teotônio Vilela de Defesa da Pessoa Humana. Dentre os muitos prêmios recebidos, ganha em 2003 o prêmio Mario de Andrade da ABCA. Em 2004, é curadora da exposição “Uma Viagem de 450 anos” no SESC Pompéia, São Paulo, em comemoração do aniversário da cidade de São Paulo. Em 2005, é curadora da “Exposição Caderno de Notas – Vlado, 30 anos”, exposição que acontece nas antigas celas do DEOPS (Departamento Estadual da Ordem Política e Social), atualmente integradas à Estação Pinacoteca, organizada pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo em memória do jornalista Vladimir Herzog, no 30º aniversário de seu assassinato. Radha falece em São Paulo no dia 24 de julho de 2013.Fontes: Conjunto de currículos de Radha Abramo disponíveis no acervo e material disponível em: (i) http://www.usp.br/espacoaberto/arquivo/2004/espaco40fev/0cultura.htm;(ii) http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaImprimir.cfm?materia_id=8279; (iii) http://www.museus.gov.br/noticias/ibram-presta-homenagem-a-museolga-radha-abramo-e-ao-artista-leon-ferrari/. Acessos em: 10.09.2013.
História ArquivísticaAtravés do Prof. Dr. Paulo Franchetti (DTL/IEL) o CEDAE foi informado da intenção das filhas da titular, Bárbara e Berenice Abramo Abramo, de doarem documentos para a universidade. Foi formada uma comissão de avaliação, composta pelo professor citado e mais dois membros, Prof. Dr. Jefferson Cano (DTL/IEL) e pela Profa. Dra. Sonia Cyrino (DL/IEL), que concluiu pelo aceite do conjunto de documentos.
ProcedênciaDoação de Bárbara Abramo Abramo e Berenice Abramo Abramo em junho de 2011.
Área de conteúdo e estrutura
Âmbito e ConteúdoComposto por um conjunto de livros, revistas, catálogos, folders e recortes de jornais com artigos de autoria da titular e de terceiros; constam também versões manuscritas destes artigos, correspondências enviadas e recebidas pela titular, relatórios, atas, estatutos, projetos, convites, currículos da titular e de terceiros, fotografias, fitas de vídeo e cassete, slides e trabalhos artísticos de terceiros.
Sistema de ArranjoNão organizado.
Área de condições de acesso e uso
Condições de AcessoConsulta livre.
Condições ReproduçãoConsultar as normas gerais de reprodução de documentos do CEDAE.
Idioma do MaterialPredominantemente português, constam documentos em alemão, espanhol, francês, inglês e italiano.
Instrumento de PesquisaListagem do fundo.

Fonte: https://www.iel.unicamp.br/cedae/acervo/guia-do-acervo-cedae/informacoes/?id=d9d4f495e875a2e075a1a4a6e1b9770f (acesso: 28.03.2025)

.criado em: 2025.03.28
.atualizado em: 2025.03.28

Galeria: artigo “Memória artística de São Paulo”

Memória artística de São Paulo.
Folha de S Paulo, 19.12.1976, Artes visuais, p.96.
editor Luiz Ernesto Machado Kawall

(texto integral, nossos negritos,
obedecendo a grafia e pontuação original)

Quarto de uma série de cinco artigos
com entrevistas e comentários.

Por questões de espaço, “Artes Visuais” vem publicando, parceladamente, uma série de depoimentos sobre o IDART, Departamento de Informação e Documentação Artística, da Secretaria Municipal de Cultura, criado em maio de 1975.

Em reportagens iniciais, com entrevistas de Sábato Magaldi, Secretário Municipal de Cultura, Maria Eugênia Franco, autora do anteprojeto do IDART e sua diretora geral, e Décio Pignatari, diretor do Centro de Pesquisas de Arte Brasileira, daquele Departamento, informamos sobre sua história e programas de trabalho. (A.V., 31.10, 14.11 e 05.12).

Resultado da coordenção de pontos de vista, na área cultural, entre o Prefeito Miguel Colasuonno e o Prefeito Olavo Setúbal (o primeiro enviou o projeto de lei à Câmara Municipal e o segundo sancionou a lei), apoiado pelo autor da lei, o primeiro Secretário Municipal de Cultura, de São Paulo, Luiz Mendonça de Freitas, e seu sucessor, Sábato Magaldi, o IDART, depois de um ano, já pode contar o que está realizando seu Centro de Pesquisas de Arte Brasileira. O IDART incorpora ainda a Discoteca Municipal, criada por Mário de Andrade, organizada e dirigida por Oneyda Alvarenga, depois por Carmen Martins Helal, e a Biblioteca de Artes, antiga Seção de Arte da Biblioteca Municipal Mário de Andrade, criada por Sérgio Milliet, organizada e dirigida por Maria Eugênia Franco, agora sob a direção de Ruth von Ockel Diem. A Biblioteca de Artes está realizando, na vitrine da Biblioteca Municipal, e na ‘Sala de Arte Sérgio Milliet’, exposição didática e bibliográfica sobre a obra de Di Cavalcanti. Essa mostra, muito visitada, teve organização de Suely Cabrerizo, encarregada do Setor de Exposições Didáticas, com supervisão de Ruth von Ockel Diem.

Hoje apresentaremos informações sobre a primeira pesquisa, “São Paulo, direito e avesso”, nas quais os Supervisores de suas oito áreas de estudo e registro documental das atividades artísticas de São Paulo, apresentam o que cada equipe de pesquisadores estudou e coletou, no primeiro semestre deste ano: exemplos significativos do que a cidade fez, nos vários campos das artes, em manifestações tradicionais e nas que se encontram fora dos sistemas convencionais. A segunda etapa dos trabalhos complementou a primeira, permitindo um levantamento panorâmico das realizações artísticas de São Paulo, em 1976, numa importante ‘memória documental.”

O IDART está programando publicações, exposições e audio-visuais, de vários tipo, para divulgação das pesquisas realizadas.

Áreas de atuação do IDART

As oito áreas que compõem o IDART abrangem as mais diferentes manifestações artísticas, tais como: Música/Som, Literatura e Semiótica, Comunicações de Massa (Jornalismo, Publicidade, Rádio e Televisão), Cinema, Arte Popular (folclore), Artes Plásticas, Artes Gráficas, Artes Cênicas, Arquitetura e Desenho Industrial.

ARQUITETURA E DESENHO INDUSTRIAL

A pesquisa de Arquitetura e Desenho Industrial objetivou a análise de dois tipos de manifestação de arquitetura e design, em situações de extremos no universo da edificação em São Paulo. A caracterização dos extremos, definida a partir da investigação de dois grandes espaços, determinou a escolhas de: um lado o Parque Anhembi, identificado como o polo sofisticado da produção arquitetônica e do design; e de outro, o Circo no polo marginal dessa produção. Estes dois tipos de atividades culturais, surgem em situações específicas de necessidades, recursos, alcance urbano, criação e produção, tecnologia, realização e uso, o que é mostrado dentro da pesquisa nos universos formados pelo Circo e pelo Anhembi.

Espera o Centro de Pesquisas do IDART criar, no próximo ano, em caráter separado, a Área de Desenho Industrial, considerando sua importância, em São Paulo. Está sendo pleiteada ao Prefeito o retorno, ao departamento, de cargos de pesquisadores pertencentes ao projeto. Entre estes, alguns seriam reservados para especialistas em ‘industrial – design’.

Supervisor: Arquiteto Claudio da Rosa Ferlauto; Pesquisadores: Arquitetos Bluette Fortes Santa Clara, João Baptista Novelli Junior, Luiz Otavio Zamarioli e Otávio Saito.

ARTES GRÁFICAS

Levantamento global dos processos gráficos, para fins didáticos e eventuais edições em Super 8/Roteiro de Suporte adequado para a coleta de documentação/Armazenamento de informações sobre os métodos gráficos artesanais e eletrônicos do parque Industrial de São Paulo/Aspectos tecnológicos que na década de 1940 fizeram da Tipografia e da Litografia artesanal, um setor marginalizado da Indústria Gráfico-Cultural.

‘A Litografia Artesanal e a Eletrônica’ – Colocação dos grandes (e) pequenos cartazes dentro do contexto urbano.

‘O Outdoor e o Cartaz de Circo’ – um Sistema/Não Sistema – Os meios de criação, produção e distribuição desses cartazes em São Paulo.

Supervisor: Fernando Lemos. Pesquisadores: Eduardo de Jesus Rodrigues e Hermelindo Fiaminghi, especialistas em comunicação visual e artes gráficas. A equipe será integrada, agora, por Julio Plaza.

ARTES PLÁSTICAS

A área de Artes Plásticas focalizou a atividade artística em São Paulo no 1º semestre de 1976, através dos conceitos de LINGUAGENS CONVENCIONAIS e LINGUAGENS EXPERIMENTAIS, analisando os processos produtivos, os objetos/produtos e o sistemas de veiculação. Por linguagens Convencionais foram entendidos os trabalhos que utilizam processos produtivos mais ou menos enraizados em nossa tradição cultural: o desenho, a pintura e a gravura. Por Linguagens Experimentais entenderam-se os processos de produção artística que empregam novos recursos tecnológicos ou trabalhos de artistas que, por razões estéticas e/ou ideológicas procuram se desligar dos sistemas habituais de veiculação.

Supervisor: Raphael Buongermino Netto; Pesquisadores: Daisy Valle Machado Peccinini, Maria Vanessa Rego de Barros Cavalcanti, Radha Abramo, Regina Helena Dutra Rodrigues Ferreira da Silva e Sonia Prieto, todos portadores de títulos universitários na área de Artes Plásticas.

ARTE POPULAR

A pesquisadora e etnógrafa Lélia Coelho Frota iniciou a partir de setembro, pesquisa de arte popular, em São Paulo e periferia, documentando o contexto social e a tecnologia de artífices nordestinos atuantes no Brás e na Moóca.

Pretende-se desenvolver a documentação de arte popular, a partir do próximo ano, por intermédio de acordo com a Escola de Folclore, dirigida pelo Professor Rossini Tavares de Lima.

Nota da redação – No próximo domingo publicaremos a quinta e última reportagem sobre o IDART, com as outras áreas do Centro de pesquisas. A. V.



Fonte:
Memória artística de São Paulo.
Folha de S Paulo, 19.12.1976, Artes visuais, p.96.
https://acervo.folha.com.br/digital/leitor.do?numero=6069&anchor=4329482 (acesso para assinantes)